Sem propaganda, Sercomtel Celular perde 8,4 mil clientes

Fonte: Nelson Bortolin/Folha de Londrina Sem poder fazer propaganda há mais de dois anos, a Sercomtel perdeu 8.436 clientes de celular somente em 2013. Em dezembro de 2012, a operadora […]

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Fonte: Nelson Bortolin/Folha de Londrina

Sem poder fazer propaganda há mais de dois anos, a Sercomtel perdeu 8.436 clientes de celular somente em 2013. Em dezembro de 2012, a operadora tinha 69.507 linhas de telefonia móvel e, no mês passado, chegou a 61.071. A queda é de 12%. Desde dezembro de 2009, quando tinha 85.124 linhas, a empresa vem perdendo clientes ano após ano. A redução no período é de 28%. Os números são da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). 

Na telefonia fixa, a situação da Sercomtel é melhor. No ano passado, até outubro, a empresa ganhou 4.572 clientes, totalizando 158.885 linhas, segundo o site da agência. O crescimento é de 3%. Comunicado divulgado pela empresa, no entanto, mostra um aumento maior, de 10%. Seriam 19.150 novos acessos no ano passado. A reportagem não conseguiu esclarecer a divergência ontem com a operadora. 

Na comparação com 2010, há um recuou de 0,19% no número de clientes da telefonia fixa. Olhando para 2007, quando havia 153.609 linhas fixas, o aumento é de 3%. Já, na banda larga, a empresa municipal tem o melhor desempenho. Ganhou 8.135 clientes no ano passado, totalizando 75.767 – crescimento de 12%. Na comparação com 2011, o aumento é de 15%. 

O balanço da operadora do ano passado ainda não foi divulgado. Em 2012, a Sercomtel registrou prejuízo de R$ 65 milhões. Levantamento feito pela reportagem no ano passado, no site da empresa, mostra que, de 2001 a 2011, o prejuízo foi de R$ 74 milhões, sem correção. 

Nem todos os problemas da Sercomtel podem ser atribuídos à falta de propaganda. Mas a queda dos clientes de telefonia celular se deve principalmente a este fator, segundo especialistas. "Operadora de celular que não gasta em publicidade vai ter aquisição menor de novos clientes e vai acelerar a perda dos que ela já tem", afirma Eduardo Tude, presidente da Teleco – consultoria em telecomunicações. 

Ele ressalta que, sem uma agência de publicidade, a empresa não pode divulgar o lançamento de novos produtos. "Como a operadora vai divulgar um novo plano para os clientes potenciais se não pode fazer publicidade?", questiona. O consultor defende a privatização do serviço de telefonia realizada no Brasil nos anos 1990 e diz que é muito difícil uma empresa pública competir neste setor. "A telefonia exige investimentos pesados a toda hora. A empresa pública tem mais dificuldade de fazer esses aportes, além de ser engessada e mais lenta", declara. 

Para o coordenador do MBA em Marketing da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Romeu Telma, não é possível uma empresa de telefonia competir no mercado sem publicidade. "Ficar sem propaganda torna a empresa débil. Ela passa a ser esquecida pelos clientes potenciais", afirma. Ele lembra que o papel da publicidade é "informar, persuadir e lembrar". "A Sercomtel tem um residual de lembrança porque está há muitos anos no mercado londrinense, mas esse residual precisa ser ativado", declara. 

Segundo o professor, já que não pode fazer propaganda por enquanto, o departamento de comunicação da empresa deve tirar proveito da impugnação do edital da licitação (leia mais no primeiro caderno). "O fato pode ser usado a favor da Sercomtel. Ela deve aproveitar o espaço que o fato abre para ela na mídia. Fazer do limão uma limonada", ressalta. 

 

Prefeito adia debate sobre privatização

O prefeito Alexandre Kireeff afirma que só irá discutir uma possível venda da Sercomtel, que pertence 45% à Copel e 55% ao Município, quando terminar o prazo para os antigos proprietários de linha pleitearem suas ações na companhia. Ele se encerra dia 30 de agosto deste ano, mas, segundo decreto municipal, pode ser renovado por mais um ano. "Terminado esse período vou abrir o debate sobre a Sercomtel", declara. 

Em agosto do ano passado, um grupo de técnicos da operadora e da sociedade civil divulgou um estudo apontando que a privatização seria a melhor saída. Kireeff diz que a ideia proposta não é de vender 100%, mas tornar a participação pública minoritária na Sercomtel, garantindo a agilidade que a empresa precisa para voltar a crescer. 

Questionado se a Sercomtel deveria ser vendida, o presidente da Teleco Consultoria em Telecomunicações, Eduardo Tude, afirma que hoje ela tem um "valor muito menor que o de anos atrás". "Quando tentaram vender, certamente havia interessados. Agora, depende muito do preço que colocarem", declara. Para vender a operadora, a lei diz que é preciso realizar um plebiscito. Em 2001, o ex-prefeito Nedson Micheleti propôs a venda da Sercomtel Celular (na época eram empresas separadas), mas a população disse não. (N.B.)

 

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