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Empatia para produzir mais e melhor

Fonte: Samara Rosenberger – Revista Mercado em Foco/ACIL 

Do grego empáthea, é definida como a habilidade de imaginar-se no lugar de outra pessoa. De acordo com o dicionário Michaelis, é “a compreensão dos sentimentos, desejos, ideias e ações de outrem”. Embora a definição de empatia seja objetiva, desenvolvê-la requer inteligência, dedicação e paciência.

“Empatia é a habilidade de se colocar no lugar de outra pessoa e tentar entender como ela enxerga o mundo e se sente diante de algumas situações”, aponta a psicóloga clínica Isadora Bezerra. “Quando você é empático, entende o que o outro está passando e os motivos que o levam a agir de determina maneira. Quando existe essa compreensão, estabelece-se o elo, permitindo a aproximação”, acrescenta.

A empatia é fundamental, tanto nas relações organizacionais como pessoais. “É uma habilidade que pode ser desenvolvida”, explica Rosana Modelo Kühnlein, Relações Públicas Especialista em Gestão e Marketing. “Muitas vezes, é confundida com gentileza ou compaixão, mas é muito diferente disso. É a capacidade que temos de ver o mundo pelos olhos do outro”, completa.

Uma pesquisa publicada pela Businessolver em 2018 revelou que a empatia aumenta a felicidade no trabalho, a produtividade e a retenção de funcionários. 96% dos entrevistados consideraram uma qualidade importante para as empresas. Apesar da opinião quase unânime, a maioria dos entrevistados, 92% deles, acredita que a empatia continua desvalorizada na empresa em que trabalham.

“No ambiente corporativo, a empatia promove a ampliação do networking. Além disso, o trabalho em equipe melhora e o aprendizado aumenta. Quando você se abre para o outro, descobre um mundo novo de conhecimentos e habilidades”, aponta a especialista em Relações Públicas.

Cobranças

Para a psicóloga Isadora Bezerra, exercer empatia diminui o estresse e a pressão por resultados. “No ambiente de trabalho existem altas cobranças que podem desencadear estresse e impactar a produtividade de maneira negativa. Se o colaborador entende o que o colega passa, se aproxima e tem uma boa relação, o ambiente fica mais leve e saudável. O desempenho pode melhorar com relações consolidadas com a equipe”, enfatiza.

A habilidade também é imprescindível nos cargos de liderança. “Se você não se abre para enxergar o mundo pelos olhos do seu colaborador, não vai fazer uma boa gestão de recursos humanos. Por meio da empatia, é possível observar as qualidades do colaborador e as competências que precisam ser desenvolvidas”, diz Rosana.

As interferências também são mais assertivas e aceitas. “O líder começa a enxergar se há necessidade de realocação de função, por exemplo. A partir do momento que o colaborador sente que seu líder entende o que ele sente, a resistência diminui. Quando falamos em gestão de mudança, a empatia é crucial. Aquela frase ‘manda quem pode, obedece quem tem juízo’ é ultrapassada. A cultura das organizações modernas não responde bem a essa modelo. As novas gerações, menos ainda”, completa.

Porém, ter empatia não significa ausência de cobranças. “Não tem nada a ver com ser legal com o outro ou cobrar menos, mas fazer cobranças por resultados mais consistentes. O líder empático sabe até onde o outro pode ir e o que fazer ou dizer para que ele consiga alcançar esse lugar”, destaca.

Qualidade de vida

A psicóloga clínica chama atenção para a qualidade de vida do trabalhador dentro da corporação. Segundo ela, o desempenho e a produtividade melhoram num ambiente saudável. “Se o colaborador não estiver bem, a produtividade vai diminuir. Por isso, é preciso evitar a sobrecarga de trabalho e promover um ambiente acolhedor. O líder empático entende quando o colaborador está recebendo mais demandas do que consegue entregar. Quando isso é constatado, precisa ser regularizado de uma forma que seja bom para o colaborador e a empresa. Se o trabalhador é cobrado demais, a tendência é que ele adoeça”, alerta.

Mas quais os passos para desenvolver a empatia? As especialistas respondem. “A primeira coisa é estar presente no momento em que você se relaciona com a outra pessoa. Hoje, estamos com a atenção em outro lugar o tempo todo. Falamos com pessoas que estão preocupadas com compromissos posteriores ou mexendo no celular e nas redes sociais. Infelizmente, o digital alterou as relações. A primeira coisa a se fazer, portanto, é estar ali, enxergar o outro na sua totalidade, prestar atenção no que ele diz, nas sensações que ele transmite e dar o feedback que você está presente”, orienta Rosana Modelo Kühnlein.

Para Isadora Bezerra, algumas pessoas têm mais facilidade para desenvolver empatia de acordo com a trajetória das relações que vivenciaram. “Nós não nascemos com empatia. É um comportamento ensinado com o decorrer da história de cada indivíduo. Para desenvolvê-la, é necessário praticar a escuta ativa, ou seja, prestar atenção no que o outro está dizendo. Esse olhar também depende muito de como a história do outro te afeta. Se o seu colega passa por uma situação difícil e compartilha com você, isso te motiva a ter uma atitude de consolo e compreensão”, pontua.

As empresas modernas e inovadoras investem em um ambiente harmonioso e de cooperação gerado pela empatia. “Gestores de equipe têm muito a ganhar com isso. Se cada colaborador for capaz de compreender limitações e sentimentos dos colegas, as chances de desentendimento caem significativamente e a produtividade tende a aumentar. Por isso, vejo que estamos no meio do processo. Muitas pessoas começaram a denunciar essa falta e as empresas modernas estão investindo em metodologias de comunicação não violenta. Esse é o caminho”, finaliza.

Empatia na mistura de gerações

Atualmente, no mercado de trabalho, coexistem quatro gerações. Os babyboomers, nascidos entre 1940 e 1960; a geração X, que compreende profissionais entre 40 e 60 anos; os Millennials, que têm entre 20 e 40 anos; e a Z, dos nascidos a partir dos anos 2000. O relacionamento entre pessoas de gerações distintas dentro das corporações também é desafiador.

A psicóloga afirma que a idade e a criação influenciam na história de vida, porém o respeito deve ser primordial nas relações. “Ter empatia não significa que você concorda com o que o outro pensa. É dizer: ‘entendo o que você pensa e somos diferentes, no entanto, estamos aqui pelo mesmo objetivo’. Encontrar pontos em comum pode agregar as relações de trabalho”, diz.

Conviver com o que é diferente não é fácil, mas investir nas relações presenciais ajuda a superar o desafio. Na opinião de Rosana, é preciso parar de criar expectativas sobre as outras pessoas. “Muitas relações, sejam lineares ou não, sofrem porque o trabalhador projeta muita coisa em cima do outro. Trazendo para a prática, é como esperar que a pessoa entregue algo que ela não consegue ou que aja de maneira que não condiz com sua personalidade”, exemplifica. Investir na comunicação clara e objetiva é uma das práticas assertivas para diminuir o ruído das relações. “Algumas pessoas escutam, mas não estão presentes e isso tem causado ônus”, acrescenta.

A empatia também favorece a retenção de talento e diminui o turnover. “Hoje, as pessoas permanecem nas empresas mais pela contribuição que aquele ambiente propicia para o desenvolvimento humano e profissional do que pelo salário. Pesa mais na balança a experiência dentro da empresa, e isso depende de vínculos mais intensos e profundos. Hoje, o volume de informações disponível é grandioso e promove autonomia ao trabalhador. Por isso, é necessário estimular muito mais desenvolvimento do que garantias financeiras”, opina Rosana.


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