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Mais do que nunca, é hora de usar a inteligência

Fonte: Marco Feltrin – Revista Mercado em Foco/ACIL

O cenário de pandemia virou o mundo de cabeça para baixo, e no mundo corporativo não foi diferente. A readaptação tornou-se palavra de ordem nas empresas diante do quadro de retração e queda de faturamento, que exigiram cortes de gastos e de pessoal com o famoso lema “fazer mais com menos”.

A grande dúvida é: como buscar eficiência, inovação e resultados quando sua capacidade está mais enxuta e a incerteza toma conta da economia? A resposta pode estar na tecnologia, com a adoção de ferramentas de Business Inteligence (BI), a inteligência de negócios, que utiliza dados estruturados dentro da própria empresa para gerar poder de mercado.

Em um mundo no qual a informação é cada vez mais valiosa, cabe às empresas conhecer bem e saber o que fazer com os dados gerados por ela. E este volume de informações não para de crescer. Segundo um levantamento da International Data Corporation (IDC), o universo digital evolui em uma velocidade assustadora. Em 2013, havia 4,4 trilhões de gigabytes em dados espalhados pelo planeta, volume que saltou dez vezes em apenas sete anos, chegando a 44 trilhões em 2020. Para se ter uma noção deste cálculo, basta perceber quantas horas do dia passamos conectados a uma tela de celular ou computador consumindo informações.

A porta de entrada para este universo do Business Inteligence está na leitura do momento atual da empresa. Para o consultor Thiago Terzoni, sócio da Terzoni Consultoria e Escola de Negócios, a hora certa para investir em BI está diretamente ligada ao grau de maturidade da gestão. “Se ela já está acostumada a trabalhar com indicadores, vale a pena fazer este tipo de investimento. Se ela não trabalha com métricas, é importante que implante isso primeiro. Entender como funciona, que tipo de informação de qualidade pode gerar, para depois ir para um sistema de BI”, orienta, lembrando que um dos resultados mais aparentes é o maior controle da empresa, trazendo informações de segurança para tomar decisões mais precisas em um momento de incerteza.

Hora de planejar

O caminho de implantação passa obrigatoriamente pela montagem de um planejamento estratégico, que precisa deixar claro aonde a empresa quer chegar e como ela vai medir os passos para alcançar certos objetivos, ou seja, definir os indicadores e métricas. A partir daí, é preciso estabelecer quais são os projetos a serem executados até chegar à meta de indicadores.

“Aí você pode começar a pensar em investir em ferramentas para deixar sua gestão mais eficiente. Apostar em qualidade de informação te ajuda a enxergar possibilidades que antes você não enxergaria. A partir do momento que você tem uma informação precisa na mão, consegue detectar furos que vieram desde a etapa de planejamento e tem oportunidade de fazer uma readequação de custos, projeção mais real sobre as vendas”, aponta Terzoni.

Apesar de o assunto estar diretamente ligado à tecnologia, existe uma ferramenta essencial no processo que não pode passar despercebida: o material. Segundo o consultor, sem pessoas capacitadas não há como desenvolver a inteligência de negócios.

“Essa é uma das principais áreas em desenvolvimento no mercado de trabalho. Pessoas que trabalham com análise de dados estão em alta demanda em razão da necessidade de conhecimento específico nessa área. Quando você tem pessoas competentes operando o sistema, surge a criatividade necessária para saber o que fazer com todas as informações que serão coletadas dentro da empresa”.

Ao mesmo tempo, de nada adianta uma tecnologia de ponta na análise de dados, profissionais capacitados para fazer esta leitura e interpretar as informações, se a ponta da organização não estiver alinhada com o processo. Dizer que existem empresários que não conhecem a própria empresa pode parecer um absurdo, mas, no cenário da inteligência de negócios, isto é perfeitamente possível. “Ele pode até estar por dentro de várias situações que acontecem, mas não está sabendo analisar os cenários que envolvem a empresa. Geralmente é uma análise empírica, que envolve experiência e jogo de cintura”, aponta Terzoni.

O consultor ainda reforça que a interpretação equivocada dos dados obtidos pode resultar em prejuízos irreparáveis. “Se não ler corretamente as informações financeiras e operacionais da empresa, corre o risco de tomar decisões que, por mais que sejam bem-intencionadas, vão acabar se mostrando erradas no futuro. Qualquer tomada de decisão, seja para a criação de um projeto, o desenvolvimento de novos negócios, precisa estar cercada de indicadores claros e bem apurados. Qualidade de informação funciona como um GPS, que te traz o tempo de rota, onde você precisa fazer uma conversão, ou seja, tudo que você precisa para achar o caminho ideal”.

Encontrar potenciais

Entendida a necessidade da inteligência de negócios, fica a dúvida sobre qual a ferramenta ideal para o tamanho e a necessidade de cada empresa. Para isto é preciso entender os KPIs (Key Performance Indicators, ou indicadores de desempenho), números que mostram o que existe de mais importante para a empresa, seja o foco no atendimento, a prospecção de clientes ou o aumento nas vendas, que serão transformados em relatórios e painéis. Segundo Thiago Terzoni, existem sistemas disponíveis para os mais variados portes de empresas. “Tem desde ferramentas mais baratas com o Excel, onde você pode montar um dashboard com as informações mais importantes, tem o Power BI, da Microsoft, bastante acessível e com pouco gasto de implementação, e ferramentas mais sofisticadas como as da Totvs, que são mais caras e complexas. E também não dá para se esquecer de citar que várias ferramentas no mercado são customizadas para cada empresa. São especializadas em analisar sua qualidade de informação, seu objetivo com o BI e montar uma ferramenta que atenda necessidades específicas”.

Definido o sistema, o próximo passo é pensar onde estes dados ficarão armazenados, quem poderá ter acesso a eles e com qual frequência eles serão analisados, se em tempo real ou com relatórios fechados diariamente. Dependendo do tamanho da empresa e por quanto tempo este material precisará ficar armazenado, o storage pode ser um banco de dados tradicional ou um Big Data. “Têm soluções onde a informação fica toda na nuvem, e têm soluções que precisam de uma base física, um servidor, backup bem programado, uma estrutura de TI mais forte para dar conta de todos esses dados”, compara Terzoni.

Por fim, o consultor reforça novamente a importância de que todos os envolvidos neste “Raio-X digital” da empresa estejam preparados para dominar o processo com a habilidade de ler e analisar dados. “Antes de começar a ir atrás da ferramenta, é preciso garantir que existe condições de aproveitar bem esta ferramenta. Já vi muita empresa que investiu pesado em certas tecnologias e não conseguiu usar o potencial total delas por não ter maturidade de gestão”.


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