Sem acordos de livre comércio com os países de maior economia, o Brasil procura aproveitar os mais de 40 tratados de livre comércio do vizinho Chile, onde, nesta semana, uma missão de representantes de quase 60 empresas negocia com empresários chilenos a venda de produtos brasileiros para o mercado local e para fabricação de mercadorias destinadas a países como México, Estados Unidos, Japão e membros da União Europeia. “Nossas exportações ao Chile cresceram 12% no ano passado e podem crescer mais neste ano”, prevê o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral.
A missão empresarial, tem apoio da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) do Itamaraty (o embaixador brasileiro em Santiago é Mário Vilalva, ex-diretor do departamento de Promoção Comercial do Ministério de Relações Exteriores). Com os empresários irão representantes do BNDES, que mostrarão os mecanismos de financiamento do banco para comércio e para investimentos de empresas brasileiras, destinados à produção para exportação no Chile. O governo brasileiro quer, ainda, ampliar o acordo de serviços entre Brasil e Chile, para aumentar a atuação de empresas de arquitetura e engenharia, entre outras.
Em uma das reuniões preparatórias para a missão empresarial, o gerente de comércio exterior da equivalente chilena da Fiesp, Sociedade de Fomento Fabril (Sofofa), Hugo Baierlein Hermida, comentou aos brasileiros que o Chile tem um enorme mercado de exportações para produtos como móveis, calçados e tecidos, mas que “faltam produtos” para vender. Para a Fiesp, o interesse dos chilenos facilita a estratégia de industriais paulistas, de usar o país como plataforma de exportação, com partes e peças compradas do Brasil. “Com o fracasso das negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC), temos de buscar alternativas de mercados”, comenta o diretor de relações internacionais e comércio exterior da Fiesp, Ricardo Martins.
Martins vê mercado para a indústria de alimentos preparados, que pretendem processar, no Chile, produtos de origem brasileira, para aproveitar acordos sanitários e de livre comércio firmados por aquele país com nações como o Japão. Pelo menos uma grande companhia, a Nutriplus, já procura possíveis parceiros chilenos.
Para Barral, mesmo o limitado mercado interno chileno pode trazer oportunidades aos produtores brasileiros. “Cruzamos os dados de importação do Chile com os de nossas vendas para lá, e há grande potencial em pelo menos oito setores”, garante, citando alimentos, equipamentos industriais e produtos metalúrgicos. “O Chile, para nós, é o primeiro teste de algo que queremos fazer mais vezes: promoção de negócios junto com representantes do setor privado dos dois países”, diz Barral.
A Fiesp negociou com a Sofofa a aproximação entre as indústrias chilenas e brasileiras. Empresas de bens de capital interessam-se em enviar partes e peças para montagem no Chile e reexportação, exemplifica Ricardo Martins. Haverá também reuniões para que a indústria de defesa brasileira ofereça produtos às Forças Armadas chilenas (um dos maiores orçamentos do continente), e reuniões do setor de energia, para discutir biocombustíveis.
Fonte: Valor Econômico
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