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Crise pode elevar heterogeneidade da indústria do país, diz economista




Fonte: G1

 

RIO – A crise internacional pegou a indústria brasileira no contrapé e pode levar ao agravamento da heterogeneidade do setor, uma característica histórica do parque industrial do país. A análise é do economista David Kupfer, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que alertou para o que classificou como "doença brasileira".

 

Kupfer considera que a crise internacional pegou o setor industrial brasileiro em um momento de forte crescimento, baseado no mercado interno e com crescimento dos investimentos. De acordo com ele, a indústria também se beneficiava da forte demanda mundial por produtos básicos, que trazia um cenário "extremamente favorável" tanto nos preços, quanto nas quantidades.

 

"A indústria vai voltar a se expandir, mas em um quadro distinto, com mudanças estruturais no mundo e no Brasil", explicou Kupfer, que participou da mesa-redonda "Crise e desenvolvimento produtivo: repercussões e oportunidades", evento que faz parte da semana de comemorações pelos 57 anos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "Provavelmente não vão se repetir os preços altamente favoráveis de produtos menos elaborados", acrescentou.

 

O economista da UFRJ chamou atenção para o que classificou de "doença brasileira". Segundo ele, convivem historicamente no Brasil indústrias modernas e empresas informais dentro do mesmo setor, caracterizando a heterogeneidade da indústria do país. Kupfer ressaltou que, durante o período de forte crescimento que antecedeu a crise, havia a redução desta heterogeneidade.

 

"A doença brasileira é preocupante porque o que vinha acontecendo de positivo é que havia crescimento da indústria com redução da heterogeneidade", frisou, citando o caso do setor moveleiro, no qual redes varejistas investiam na criação de redes de móveis, muitas vezes aproveitandos arranjos produtivos locais (APLs). "Talvez (esse processo) não sobreviva em um cenário pós-crise ou talvez dependa de uma política industrial muito bem pensada", ponderou.

 

Apesar de reconhecer que foram positivos os dados recentes sobre o mercado de trabalho, Kupfer lembrou que setores mais intensivos em mão de obra não sofreram os efeitos da crise, mas ainda não estão imunes de impactos futuros.

 

"A indústria tradicional pode se precarizar e demitir. E aí vamos para um quadro preocupante, porque as exportações não deverão ser retomadas e não conseguiríamos trazer, pelo consumo interno, um desempenho mais dinâmico para a economia", alertou.

 

Rafael Rosas para Valor Online.

 

www.g1.com.br

 


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