Liderar, no contexto organizacional, é exercer influência positiva sobre uma equipe de profissionais com a intenção de alcançar resultados positivos, afastando aquele pensamento ultrapassado do “eu mando e você obedece”. Entretanto, algumas organizações ainda mantêm em seus quadros líderes autoritários que, em vez de motivar a equipe, acabam inibindo ações espontâneas e a criatividade dos seus colaboradores. Nunca é demais lembrar que a presença de lideranças positivas é e sempre será uma característica das empresas de sucesso.
O primeiro passo para criar um ambiente leve, criativo e que traga resultados, é começar a entender a própria cultura da organização. Saber evitar os riscos de uma cultura de problema e adotar a cultura de solução tem sido o grande desafio das organizações.
Palestra
Com a palestra Cultura de solução ou cultura de problema?, a CEO Pamela Manfrin, da Apetit Serviços de Alimentação, empresa familiar fundada há 33 anos em Londrina e com atuação em 11 estados, mostrou a uma plateia atenta, no Lidere 2022, que a cultura de solução vem por meio de exemplo. E esse exemplo deve partir da liderança.
A CEO procurou levar aos participantes os valores nos quais acredita e que são aplicados na Apetit, que administra cerca de 200 restaurantes corporativos, movimentando 70 toneladas de alimentos diariamente. “Um líder que sabe ouvir e respeitar o colaborador consegue resultados muito mais significativos. Por isso, é essencial estarmos atentos aos hábitos que queremos compartilhar”, pondera Pamela.
“Para criar na empresa um ambiente de cultura de solução é necessário que os colaboradores se sintam respeitados e à vontade para opinar, para experimentar e para aprender. Como saber o que precisa melhorar ou ensinar, se você não está atento à sua volta, ouvindo as pessoas?”, indaga a CEO.
Percepção
A percepção das pessoas, de como elas se sentem e como são os comportamentos dentro da organização, ultrapassa o próprio resultado. “O resultado é objetivo, você interpreta um número e age em cima dele. Já as pessoas são os recursos fundamentais, por isso estar atento a elas é um segredo para promover mudanças positivas”, enfatiza Pamela.
Na palestra, ela explicou detalhadamente como a liderança autoritária pode trazer pontos extremamente negativos à empresa, engessando o desenvolvimento empresarial e colocando a equipe para “baixo”. “Aquela liderança que diz ‘faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço’, não funciona. O bom relacionamento entre liderança e liderados contribui para um ambiente de cultura positiva”, acrescenta a CEO.
Para entender como o líder pode influenciar nos resultados da equipe, Pamela buscou ajuda nos livros sobre neurociência, os quais mostram como o nosso cérebro se modula de acordo com os estímulos recebidos: “O córtex frontal, que é a área do cérebro responsável pela racionalidade e onde utilizamos toda nossa experiência para produzir com criatividade, pode influenciar hormônios como a dopamina e endorfina, enfim, hormônios que vão trazer resultados positivos”, explica.
Estresse
Agora, imagine um chefe autoritário que, ao emitir uma ordem, provoca medo e estresse na equipe. Essa situação acaba liberando outros tipos de hormônios, não tão bons. “Cientificamente, está comprovado que o estresse e o medo bloqueiam o potencial criativo. Eles paralisam nosso córtex pré-frontal, impedindo toda a criatividade”, complementa.
A conclusão é que líderes mandões desanimam os funcionários e prejudicam o ambiente de trabalho, já que se torna mais difícil conviver com uma pessoa que quer o controle das coisas o tempo todo. Em compensação, bons líderes estimulam a opinião de todos e encorajam a colaboração. São líderes que distribuem a responsabilidade pelas tomadas de decisão entre todos os membros da equipe.
Mas, o que dizer do líder popular demais dentro da empresa? Entre os vários tipos de liderança, Pamela destaca que ser popular demais também é entendido como permissividade. “Se o líder é muito leniente, ele pode não entregar aquilo que se espera dele por não ter coragem de fazer ações que precisam ser feitas. A equipe precisa se sentir estimulada por meio de desafios para entregar resultados.”
Equilíbrio
Para não perder a mão com o time, Pamela afirma que é preciso encontrar o equilíbrio. “Não é uma tarefa fácil porque tem o outro lado, o da cobrança por resultados. Entendo que é preciso conciliar essas habilidades”, explica.
Autoconhecimento e preparo emocional são palavras de ordem na área de liderança. “Ter equilíbrio emocional gera confiança. Um profissional se torna um bom chefe quando constrói vínculo de confiança com a equipe”, comenta. “O autoconhecimento é um caminho fundamental para desenvolver as competências e habilidades para resolver as complexidades que o cargo exige.”
Para identificar na prática um bom líder entre o time de funcionários é preciso observar algumas características: “Precisa querer ser melhor, querer aprender e ser proativo. Isso para mim é um fator primordial, todo restante é possível ensinar”.
Contudo, ela destaca o senso de justiça como outra característica extremamente relevante na formação: “O líder precisa tentar chegar o mais perto possível da justiça. O líder justo reconhece as pessoas por suas conquistas e trata as falhas de modo profissional, gerando aprendizado, valorizando os conhecimentos da equipe e não somente impondo novas diretrizes”.
Liderança
Mercado em Foco – A pessoa nasce líder?
Pamela Manfrin – Tem sim liderança nata e também estimulada. Uma criança que nasce num ambiente de estímulos com certeza vai ter potencial de liderança maior do que aquelas que não vivem ou que vivem em ambiente opressor. Os estímulos também podem vir tardiamente.
Você concorda que bons líderes também são bons pais, bons maridos, boas esposas?
Eu concordo que no mundo tem boas pessoas e boas pessoas podem estar em qualquer posição. A gente não nasceu para ser bom em tudo, mas acredito que existam bons pais que não exerçam a posição de liderança e bons líderes que, necessariamente, não tenham filhos. O que importa na verdade é sermos boas pessoas.
Qual é o papel social do líder?
O líder tem um papel social gigantesco, porque ele pode mudar a forma como as pessoas se sentem, pode gerar mais autoestima, pode gerar um senso de realização e de pertencimento. Acredito que a empresa muda a sociedade por meio das pessoas e isso faz parte do senso de comunidade. Sabendo que o cuidado com as pessoas é importante para a empresa e para sociedade, a liderança tem uma significação muito maior.
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